As mulheres mais fortes do cinema desde 2000 – Parte I

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Por Júlia Ramos

Quando se fala em personagens femininas marcantes do cinema, logo nos surgem alguns nomes na cabeça, como, por exemplo, a princesa Leia – muito por ter beijado seu próprio irmão –; a pequena Reagan, com sua viradinha de pescoço sensacional e fluidos gástricos característicos, e a heroína Ripley, que mostrou ao universo que nenhum alien esquisito seria capaz de ficar em seu caminho. Todos esses filmes são considerados clássicos da cultura pop. Por isso, tornou-se comum ouvir sobre elas, que já foram praticamente dissecadas pelos críticos e analistas de cinema. Se elas fizeram tanto e conseguiram um espaço enorme no coração e memória dos cinéfilos, o que resta então para as garotas que vieram depois dos anos 2000? Esta lista, a seguir, das 16 personagens mais marcantes vai tentar colocar novas garotas em destaque.

Mulheres Fortes do Cinema - Penny Lane | SerendipitysPenny Lane– Quase Famosos (Título Original: Almost Famous) ano: 2000

Começaremos pelo ano 2000, com um filme adorado pelos fãs de rock. A história fala de sexo, drogas e rock and roll, no maior estilo dos anos 70. E agrada a todos que viveram a época e, principalmente, a quem gostaria de tê-la vivido. O garoto, um aspirante a jornalista, tem a chance de acompanhar a turnê de uma banda de rock famosa para fazer uma matéria para a Rolling Stone. No entanto, ainda que a história central gire em torno deste personagem, quem realmente nos chama para esse universo e faz com que não queiramos mais sair é Penny Lane, interpretada por Kate Hudson. Ela é uma groupie que, com outras garotas, costuma acompanhar as turnês e se engalfinhar com os músicos. O estilo de vida dela é aquele e é mostrado genuinamente. De um modo que se torna difícil, mesmo para as pessoas mais conservadoras, fazer julgamentos morais acerca do como ela deveria agir. E isto é um grande feito, porque é muito mais comum estereotipar uma groupie como alguém perdido. Penny sabe exatamente o que quer e vai em busca disso, mostrando que a revolução sexual a libertou de um modo que nada a prenderá novamente. Além disso, diferentemente de outras personagens colocadas para o segundo plano na divulgação dos filmes, a atriz Kate Hudson aparece em todos os cartazes como a principal personagem, e cumpre muito bem este papel.

Mulheres Fortes do Cinema - Chihiro | SerendipitysChihiro – A Viagem de Chihiro (Título original: Sen to Chihiro no Kamikakushi) ano: 2001

 Em 2001, Chihiro é a responsável por aproximar o cinema japonês do público infantil e firmar a personagem feminina como heroína. Com o diferencial de ser, ainda por cima, uma criança. Poderíamos estar falando de qualquer animação infantil se analisássemos o começo do filme, que mostra uma garota fazendo uma viagem com os pais. No entanto, no meio do caminho a narrativa se inverte quando a protagonista, ao invés de depender dos pais, passa a tentar resgatá-los. Em um mundo completamente novo e maluco, a viagem que ela faz significa muito mais o amadurecimento do que a imaginação infantil trabalhando a todo vapor. Ou seja, ao lutar contra todo um sistema que, em um primeiro instante, não a respeita, ela aprende a importância de fazer as coisas por si própria. E a lutar por seu espaço, sem nenhum adulto a auxiliá-la. Este caminho de autoconhecimento, em que ela se surpreende com seus feitos, é marcado por cenas de aventura, drama e comédia, mas em nenhum momento se distancia do que parece ser a principal lição do filme: mostrar que uma criança é capaz de muito mais do que se imagina. Além disso, Chihiro oferece a identificação que garotas não costumam obter na maioria dos filmes, pois, além de considerarem as crianças menos sábias, raramente colocam as garotas em uma posição heroica.

Mulheres Fortes do Cinema - Beatrix Kiddo| SerendipitysBeatrix Kiddo– Kill Bill: Volume I (Título Original: Kill Bill: Volume I) ano: 2003

2003 foi o ano de a personagem feminina marcante cravar um ponto final no estereótipo de que toda loira é burra. E o fez, por sinal, com uma espada bem afiada. Kill Bill usa a violência trash com humor, assim como a maioria dos filmes do diretor Quentin Tarantino. Mas especiais nesta película são as marcantes figuras femininas duronas, impiedosas e que não têm medo de sujar suas roupas com sangue. Aliás, sangue é o que não falta no filme, com cenas que homenageiam filmes orientais de lutas marciais e de espadachins. Uma Thurman ganhou o papel da personagem principal de presente pelos seus 30 anos. Nada melhor para presentear uma mulher quanto um papel tão importante para o cinema como é o de Beatrix Kiddo. A noiva em busca de vingança abandona uma gangue sanguinária e em represália quase é morta no dia de seu casamento. Depois de cinco anos em coma, ela sai do hospital, com um único objetivo: se vingar daqueles que quase acabaram com a sua vida. O filme se chama Kill Bill, pois o líder do grupo de quem ela quer se vingar é Bill. No entanto, quem realmente dá um show como antagonista do filme são as garotas do grupo, interpretadas por Vivica A Fox e Lucy Liu. Apesar de ser cheio de referências à cultura pop e de não se levar a sério, a mensagem feminista do filme persiste.

Mulheres Fortes do Cinema - Frida| SerendipitysFrida– Frida (Título Original: Frida) ano: 2002

No ano de 2002, a personagem marcante não vem de uma animação para crianças, nem mesmo de um filme leve para relaxar com os amigos. É ninguém mais ninguém menos que Frida Kahlo. Ela é baseada na vida desta grande pintora e merece seu destaque pela dificuldade de representar na tela não apenas uma inigualável artista, mas também uma especial e inspiradora mulher. Frida Kahlo lutou contra as restrições físicas advindas de um acidente, contra os padrões de beleza e contra suas próprias limitações. Entrou para a história. Salma Hayek teve um grande desafio ao ser escolhida para o papel, pois representaria uma mulher complexa, com embates e dores reais. Ou seja, a grande responsabilidade de não parecer caricata ou distante demais da realidade recaiu sob seus ombros e ela a abraçou, vivendo a personagem com a intensidade de quem era sua amiga íntima. Assim como Frida fez, Salma transferiu toda suas forças para seu trabalho e obteve uma atuação bem-sucedida, que fez jus a uma das mulheres mais talentosas e sofridas da história.

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